Mosteiro de Santa Clara-a-velhaX

Coimbra - Coimbra

O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, associado de uma forma simbólica à carismática figura da Rainha Santa, representa para a cidade de Coimbra e para o País, uma importante peça que simboliza materialmente essa importante figura da nossa História.

A sua primeira fundação deu-se em 1286, por iniciativa de Dona Mor Dias, uma abastada senhora que se encontrava recolhida no Mosteiro das Donas, anexo ao Mosteiro masculino de Santa Cruz. Era seu objectivo fundar uma casa religiosa ligada à ordem de Santa Clara. Esta primitiva fundação originou, contudo, graves litígios que só vieram a terminar com a extinção do mosteiro em 1311. Três anos mais tarde, a Rainha Santa Isabel decidiu retomar a pretensão de reinstalar as clarissas em Coimbra pedindo licença à Santa Sé para fundar um mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, tendo obtido a necessária autorização do papa Clemente V, a 10 de Abril de 1314.

A partir desta data, a construção do novo mosteiro de clarissas de Coimbra foi marcada pelo protagonismo da Rainha Santa não só através do alto patrocínio que lhe concedeu, mas também do seu próprio empenhamento pessoal. Dois anos após ter sido autorizada a fundação decorriam já as obras e, em 1317, instalaram-se no mosteiro de Santa Clara de Coimbra as primeiras freiras vindas de Zamora.

O novo templo só estaria terminado em 1330, ano em que foi sagrado pelo bispo de Coimbra, D. Raimundo. A traça da igreja deveu-se ao arquitecto régio Domingos Domingues, que anteriormente havia trabalhado no claustro do mosteiro de Alcobaça. No entanto, como este faleceu em 1325, a conclusão da igreja e o início da construção do claustro couberam ao seu sucessor mestre Estevão Domingues.

A localização do mosteiro na margem do Mondego marcou inevitavelmente a sua história devido à invasão das cheias do rio, que se foram agravando com o assoreamento progressivo deste e tornando calamitosas as condições de vida desta instituição monástica.

No século XVII, para terminar com esta situação, o rei D. João IV ordenou a construção de um novo mosteiro num sítio mais elevado, para o qual as religiosas se transferiram em 1677. O primitivo mosteiro, que então passou a ser designado de Santa Clara-a-Velha, entrou definitivamente em inexorável estado agónico. Iniciou-se, assim, um secular processo de esquecimento que conduziu o antigo mosteiro de Santa Clara ao estado de verdadeira ruína